ESTRÉIA DE “RUA DOS ESQUECIDOS”, CURTA DE PAULO TONON, ACONTECE NO FESTIVAL RAÍZES DO CERRADO, NESTA QUINTA, 04/4 ÀS 19H
A exibição faz parte do festival "Raízes do Cerrado" que selecionou 6 curtas metragens com o edital de mesmo nome e irá acontecer nos dias 4 e 5 de abril, a partir das 19h, na Praça Kaingang em Bauru
O curta-metragem "Rua dos Esquecidos", do diretor, produtor e roteirista Paulo Tonon, terá sua exibição de estréia nesta quinta-feira, (04), às 19h, durante o festival Raízes do Cerrado na Praça Kaingang em Bauru. O festival selecionou 6 curtas pelo edital de mesmo nome na cidade.
Com duração de 25 minutos, a produção do curta tem apoio da FMC e contou com participação especial de Tetê Oliveira. "A principal expectativa é de prestar uma homenagem para a Tetê Oliveira, porque numa das conversas que a gente teve, ela falou que ela tinha um sonho de fazer teatro, chegou a fazer aulas, mas disse que sofreu discriminação, e por isso ela largou. E, nesse contexto atual que a gente estava, eu achei que seria fundamental a participação dela, justamente pela vivência que ela tinha com o SUS, de passar por um tratamento prolongado, de precisar dessa assistência médica constante, que é o tema central do filme", conta o diretor.
"Rua dos Esquecidos" acompanha a história de um casal de idosos analfabetos durante o fim da pandemia de Covid-19, em Bauru. Eles percorrem as ruas da cidade em busca do sustento diário, enquanto sua rotina é registrada por uma equipe de filmagem universitária, que tenta produzir um documentário sobre a relação deles com a cidade. O casal é interpretado pelos atores Elisabete Benetti e Carlos Batista, do Grupo Ato, grupo de teatro mais antigo em atividade aqui de Bauru.
"Se eu não me engano, são quase 40 anos de trabalho que eles têm. E a gente já tinha uma proximidade de colaboração em outros trabalhos. Quis pontuar a questão de que, principalmente mulheres com mais idade, não ganham papéis de representatividade no audiovisual. Então pensando nisso, eu criei especificamente esses dois personagens para eles e com uma pegadinha, por assim dizer, de colocá-los fora da zona de conforto deles em um tema mais sério abordando questões de saúde, da dificuldade dos tratamentos ou das consequências desses tratamentos que são mais prolongados, que nem no caso da hanseníase ou da fissura labiopalatais, já que maioria dos teatros que eles fazem são infantis", comenta Paulo Tonon sobre a escolha das estrelas do curta.
No filme, Seu Lima não pode mais fazer bicos porque acabou de ser diagnosticado com princípio de Alzheimer e Dona Cecília enfrenta todas as adversidades para vender seus bolos de pote. Ambos dependem do funcionamento do sistema de saúde público, universal e gratuito para lidar com seus problemas, mas uma onda de desinformação pode atrapalhar o destino deles. “Rua dos Esquecidos” é o quinto curta-metragem produzido por Paulo Eduardo Tonon sobre a cidade de Bauru, sendo o primeiro lançamento em 2018.
"A ideia do filme surgiu a partir da premissa proposta pelo Edital. Pensando no contexto geral do meu trabalho enquanto produtor audiovisual aqui em Bauru, a partir também do Relógios Adiantados que é meu primeiro curta, eu comecei a desenvolver uma obra cinematográfica que inclui alguns dos símbolos, dos ícones que representam a cidade. Então nesse caso eu trabalhei com a ideia de que muitas pessoas vêm para Bauru para fazer algum tratamento de saúde e muitas vezes as pessoas ficam na cidade, depois do tratamento, conseguindo criar vínculos", explica.
Paulo ainda comenta sobre a sequencialidade presente em seus trabalhos, que de certa forma, dialogam entre si tendo a cidade como plano de fundo e também como personagem. "Fiz Quarentena na Bela Vista, que é um curta-metragem que se passa no bairro Bela Vista. Depois eu fiz o Falcão, o Homem Antes do Bairro, que conta a história do cara que deu o nome para o bairro da Vila Falcão. Depois a gente fez o Baurets, que é sobre a gíria, que envolve o nome da cidade de Bauru. Então são vários filmes que eu tô produzindo, sempre com essa ideia de mostrar algum símbolo da cidade, também de uma maneira bem desconstruída, uma maneira não muito clara, mas se você pegar esses filmes para ver, você vai ver que todos eles têm uma sequencinha. Não uma sequência da outra, mas todos eles falam sobre esses símbolos locais", pontua o diretor, que também é membro do Instituto Formando Mentes Coletivas.
"Os 3 pilares que sustentam o filme são o audiovisual que eu estou fazendo aqui, de 2015 para cá, com o primeiro lançamento em 2018, mas que já está em produção desde 2015, a produção conjunta com o histórico do Grupo Ato, de teatro infantil principalmente, aqui em Bauru, também a articulação político-social do Formando Mentes Coletivas, FMC", diz Paulo que também se mostrou empolgado com a futura reação dos telespectadores. "Eu gostei do resultado, mas eu sabia já desde o começo o que eu estava propondo. Agora eu quero ver a reação das pessoas, o que as pessoas podem pensar disso. Acho que isso é o mais importante."
O Festival Raízes do Cerrado terá duração de 2 dias, e nos dois após as exibições, o público poderá participar de uma conversa com os produtores. A entrada é gratuita. O Museu Ferroviário fica na rua Nóbile Di Piero, quarteirão 1, no Centro.