DAE de Bauru vira símbolo de abandono e escândalo em meio a promessa de R$ 250 milhões
Com saldo positivo de R$ 17 milhões, abandono no DAE de Bauru expõe contradições da gestão Suéllen Rosim

[DENUNCIA EFETUADA PELA SINSERM]
O que era para ser um marco de investimento e renovação virou uma cena de degradação e revolta. O Departamento de Água e Esgoto (DAE) de Bauru, autarquia que segundo a atual gestão deveria receber mais de R$ 250 milhões em investimentos, está mergulhado em um cenário de abandono, sucateamento e precariedade. A denúncia partiu do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Bauru (Sinserm), que realizou uma vistoria nesta quarta-feira (9) e escancarou a realidade oculta da autarquia.
Lixão a céu aberto: o retrato do abandono
No pátio da Divisão de Apoio Operacional (DAO) do DAE, a situação é crítica. O local está tomado por lixo, entulho, sucata e viaturas públicas abandonadas. Veículos que poderiam estar a serviço da população estão literalmente apodrecendo sob o sol e a chuva, sem manutenção, sem destino, sem qualquer perspectiva de uso.
Além da perda de patrimônio público, a situação representa um grave risco à saúde: o acúmulo de lixo e água parada contribui para a proliferação de mosquitos transmissores da dengue, escorpiões e outros vetores de doenças. Um perigo silencioso que expõe tanto servidores quanto a população de Bauru.
Estação de Tratamento de Água em ruínas
A Estação de Tratamento de Água (ETA), outro ponto visitado pelo Sinserm, não apresenta condições melhores. Segundo o sindicato, os trabalhadores atuam em um ambiente insalubre, com infiltrações, mobílias quebradas, aparelhos de ar-condicionado inoperantes e até buracos no teto.
É inadmissível que uma estrutura essencial para o saneamento básico e a qualidade de vida da população esteja em tais condições. Os servidores, que deveriam ser valorizados como parte fundamental da engrenagem pública, são deixados à própria sorte, enfrentando o dia a dia com estrutura precária e sem qualquer garantia de bem-estar.
R$ 250 milhões: promessa ou engodo?
Em meio ao caos, surge a pergunta que não quer calar: onde estão os R$ 250 milhões prometidos? Segundo declarações da prefeita Suéllen Rosim, o valor seria destinado à modernização do DAE, garantindo obras, melhorias estruturais e ampliação dos serviços. Até agora, no entanto, o que se vê é o oposto disso.
A polêmica ganha ainda mais força com a presença de Renato Purini, atual presidente do DAE e noivo da prefeita, à frente da autarquia. A ligação direta entre o casal levanta questionamentos sobre possível aparelhamento da máquina pública e favorecimento político, o que torna a falta de transparência ainda mais preocupante.
Arrecadação aumenta, mas o caos continua
Segundo dados divulgados pelo site Contraponto Digital, a arrecadação da Prefeitura de Bauru aumentou no primeiro trimestre de 2025. Foram R$ 396 milhões arrecadados, um salto de R$ 17 milhões em comparação com o mesmo período do ano anterior. Mesmo com esse resultado positivo, a prefeitura segue alegando dificuldades orçamentárias para justificar a estagnação de obras importantes, como o recapeamento asfáltico e a implementação do Hospital Municipal.
Enquanto isso, novas secretarias e cargos comissionados continuam sendo criados, aumentando os gastos da máquina pública. Uma contradição gritante diante da realidade enfrentada por quem depende ou trabalha nos serviços essenciais da cidade.
População exige respostas
O caso do DAE é mais do que um problema pontual. Ele é um retrato do modelo de gestão atual, marcado por discursos otimizados para redes sociais, enquanto a realidade é ignorada. As imagens de abandono e as denúncias dos servidores precisam ecoar em toda a cidade. O que está em jogo é o direito à água, à saúde e ao serviço público de qualidade.
O povo de Bauru merece respostas. Cadê os R$ 250 milhões? Cadê o planejamento? Cadê o respeito com o servidor e com o contribuinte? O tempo da maquiagem política precisa dar lugar à transparência e à responsabilização.
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