VIOLÊNCIA POLICIAL: MAIS UM JOVEM É MORTO PELA BAEP EM BAURU; FAMÍLIAS SE ORGANIZAM E SÃO INTIMIDADAS
O jovem Igor Gabriel da Silva, de 27 anos, foi morto em nova ação terrorista, no dia 11/02; movimento Vozes das Periferias sofre perseguição mas organiza ato em resposta para o próximo sábado 15/02

Um mês e 10 dias depois da primeira execução da BAEP do ano em Bauru, o Batalhão volta a aterrorizar a periferia: o jovem inocente Igor Gabriel da Silva, de 27 anos foi morto com 3 disparos no Jd. Bela Vista na última terça-feira, dia 11 de fevereiro. Antes de Igor, a primeira morte cometida pela polícia no ano, foi a de Lucas, que tinha apenas 18 anos, no dia 03 de janeiro de 2025, no Jd. Country Club.
Segundo o B.O, versão oficial dos policiais, houve troca de tiros e o jovem estaria sendo procurado por envolvimento em um homicídio, e não obedeceu a abordagem tendo feito os disparos e fugido, além de ter sido aprendido junto a ele uma mochila com dinheiro e drogas, mas essa versão é contestada pela família e testemunhas. "Ele estava saindo do trabalho em plena luz do dia, era servente de pedreiro, foi morto com a roupa suja do dia de trabalho como servente", disse uma amiga da mãe de Igor.
A mãe que é moradora do Redentor em Bauru, não conseguiu dar declarações, já que não estava em condições de nada, segundo a amiga e de acordo com a família, ele foi usado como bode expiatório, já que não tinha envolvimento com crime nenhum. O velório de Igor aconteceu na manhã da última quarta-feira, (12}, no cemitério da Saudade na Av. Rodrigues Alves, e pela noite, houve uma vigília de oração com outras mães que também perderam seus filhos pela violência policial na cidade.
Direito ao luto e direito a vida interrompidos pela polícia
Porém, mais uma vez em um momento de luto, as famílias não tiveram seu direito respeitado, sendo incomodadas por supostos policiais que apareceram para fotografar e filmar os presentes na vigília, do outro lado da rua, em uma clara tentativa de intimidação e incômodo.
Familiares e manifestantes que estavam na vigília afirmaram que os dois homens eram policiais infiltrados, supostos “P2”, que não faziam o uso de farda durante o ato. O movimento que já tem vários relatos de mães que sofrem perseguições e se sentem inseguras depois de insistirem nas denúncias e cobrança de responsáveis após a morte dos filhos, está cada vez maior e mais visado na cidade.
Veja aqui o vídeo do momento em que os supostos P2, saem de uma agência bancária e entram num carro branco antes de ir embora, ao serem filmados no ato.
Movimento Vozes das Periferias: o luto que virou luta
Familiares e integrantes do movimento "Vozes das Periferias", que nasceu do luto e luta por justiça das famílias que perderam seus filhos para a violência do Estado, estiveram presentes na vigília e têm se organizado mensalmente com atos e reuniões, além da busca por responsáveis pelos crimes contra seus filhos e mais transparência e dados sobre as ações policiais na cidade de Bauru.
Mães do movimento alegam que a crescente visibilidade dos atos tem coibido as ações violentas das polícias, mas que ainda assim eles precisam mostrar serviço e por isso a cada mês, há um novo homicídio na cidade, sem falar nas tentativas de intimidação, como o que teria acontecido na vigília da noite de quarta (12).
Haverá um novo ato pelo fim da violência e em homenagem aos jovens assassinados pela PM e BAEP, casos que acompanhados pelo portal FMC Comunica, já podem superar 10 só entre 2022 e 2025. O ato acontecerá no próximo sábado 15/02, com concentração na Praça Rui Barbosa, às 15H.
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